quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Mistério Desvendado

Essa vai em homenagem ao meu camarada G.M na sua luta por domar a protuberância abdominal...o meu  larguei de mão, é um corcel indomável.

Recebo um SPAM da RunnersWorld gringa, que é a redescoberta da pólvora.

Corro, corro e corro mas não chego ao peso almejado...vejamos o que diz o 'oráculo':

"Calories do count, and our underestimation of the amount we eat and the overestimation of the amount we burn is one of the fundamental reasons that recreational runners need a diet especially for them."

Em tradução livre: "Calorias contam, e a nossa subestimação da quantidade do que comemos e a superestimação do valor que queimamos é uma das razões fundamentais que os corredores amadores precisam de uma dieta especial para eles. "

Reação imediata, apaguei o mail e comi um pedaço de torta alemã.

Mayumi, olha o desejo do grávido ai...quem correr atrás de mim vai  sentir cheiro de arroz com feijão à japonesa...até o almoço da SS.
 

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Canta a Última Esperança

Já dizia Vinicius de Moraes..."Se todos fossem iguais a você, que maravilha viver".

Recebo agora a excepcional notícia que teremos medalha de VERDADE na São Silvestre. Numa iniciativa magistral do núcleo feminino de SP, os atletas Baleias terão medalhas ao final da suada SS. E não simplesmente um mero souvenir entregue no kit.

Tenho certeza que essa será a mais cobiçada de todas!

Deixo aqui a foto e o link para o post original do nosso CEO.


Espero que no futuro venhamos rir disso tudo, pois Baleias é sorriso e alto astral antes de tudo. A Yesccom deve reconsiderar o grave erro da entrega antecipada das medalhas e voltar a situação normal no ano que vem, entregando a medalha após a batalha. Mas o certo é que teremos o prazer de ter participado desse acontecimento "nunca antes visto na história desse país".

Por essas e muitas outras que amo essa gente coral!!

Nos encontramos no almoço da Mayumi.


Vai Vinicius, termina isso pra mim que estou em estado de graça.

Vai tua vida,
Teu caminho é de paz e amor
Vai tua vida é uma linda canção de amor
Abre os teus braços
E canta a última esperança
A esperança divina de amar em paz

Se todos fossem iguais a você
Que maravilha viver
Uma canção pelo ar,
Uma mulher a cantar
Uma cidade a cantar,
A sorrir, a cantar, a pedir
A beleza de amar
Como o sol,
Como a flor,
Como a luz
Amar sem mentir,
Nem sofrer

Existiria verdade,
Verdade que ninguém vê
Se todos fossem no mundo iguais a você

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Xerpa virou Xepa

Como havia mencionado aqui tempos atrás, no dia 19 de dezembro a série Treinamento para Xerpa seria retomada, e teria um capítulo especial. Dessa vez, com a presença do 'special guest star', meu amigo e xará, companheiro de aventuras, que iria conhecer as quebradas por onde treino.

Ricardo e sua amada Rita chegaram em Rio Bonito um pouco tarde, por problemas no GPS (isso merece um post a parte), por volta das 8h20min. Além disso, numa casa com crianças, não existe possibilidades de se cumprir qualquer cronograma. De modo que saímos para a empreitada por volta de 9h30min e o sol já dizendo ao que veio.

Como ele era o astro, o xará, não o sol, a previsão de seu treino era de 15km. Ajustamos o percurso para contemplar isso, o que daria para fazer as subidas I-IV (7km) e voltaria por outro caminho, completando os 15km propostos.

Só não contávamos com o aparecimento do Sobrenatural de Almeida. Nunca fiz os treinos longos por ali na parte da manhã. Sempre na parte da tarde, e como é mata, o sol ficava escondido. Dessa vez, ele apareceu e veio forte. Combinação de subidas e sol não é salutar. Resumindo no vocabulário zebrístico: azedou o pé  do frango.

Foi treino de estratégia, de tática militar mesmo. Paramos em cada trecho das subidas. Mas valeu muito a pena. Pela companhia do amigo, por curtir aquela paisagem em outro horário, por beber água de rio, sentir cheiro de bosta de boi e tantos outros pequenos prazeres... coisas simples que a correria da cidade nos fez esquecer.

Quando tivemos a visada da porteira, rapaz, que sentimento de alívio, de vitória mesmo. O xará parecia com insolação, olhou para o alto da serra e viu nuvens cinzas de chuva (depois quando voltei à normalidade, ficou evidenciado que não era insolação, as nuvens eram reais rs). Mas chuva que é bom, nada.

Na volta, ainda apresentei uma subida extra (apesar da volta ser em descida), aqui coisas estranhas acontecem. enquanto desce, você também sobe, parece até a famosa rua do amendoim de BH, mas aqui a ilusão de ótica é real.

Seguem fotos da aventura.

Xepa - Fim de feira

Photoshop não vale - o cara tá inteiro

Casa da água - Fim da III

II vista de cima

Descendo a II relax contemplando o lago

Xará encarando a II

Subida Bônus - Amendoim

Paramos na casa do sogro para uma ducha, ele ficou com uma ponta de inveja por não ter ido (espero que as dores dele passem logo para na próxima vir junto).

Fechamos o treino com 14km (e dava para ser 15km?) e um almoço bem light (quase vegetariano) para comemorar repondo as calorias perdidas, afinal, temos direito a esses pequenos prazeres. (tutu, tropeiro, linguicinha mineira, escondidinho de carne seca, pernil, só faltou o torresmo, ficará para a próxima).

Agradeço ao Xará a companhia em mais essa aventura. Que venham muitas outras.

sábado, 11 de dezembro de 2010

São Silvestre: O Guia Definitivo

Em 2008 ele foi citado aqui. Em 2009, o amigo Shigueo estava na reta final de sua preparação para estreiar na SS. Nos comentários do seu  post, citei que ele não poderia fazer a corrida sem conhecer "O Guia Definitivo". São dicas valiosas para quem pretende encarar a mais famosa corrida do Brasil, da autoria do Cansado Xandão, chapa do Namiuti (dizem nos bastidores que ele é o editor do guia, e manteve o mesmo no idioma original - Português Arcaico - para manter a originalidade). Foi publicado inicialmente na comunidade do Orkut da corrida de SS, quando o Namiuti era moderador.

1° Tênis:
Nunca utilize tênis novo em corridas.
Corra com um tênis confortável
Verifique o tipo de pisada tipos: pronada, supinada, neutra.
Não compre tênis em camelos seu pé pode ir para o saco
Compre tênis com amortecimentos
Hoje temos tênis da nik, Ribok, Mizuno
Eu recomendo: Mizuno e todos os ortopedistas

2° Fator calor.
Cuidados com a vestimentas
Utilize chortis Camisetas regatas.
Para as mulheres topy ou topi
Meia fica a critério.
Sempre é bom levar agua né 

Pontos de água da São Silvestre
1km ………sem agua
2km………Sem agua
3km…….Sem Agua
4km…….Com agua
5km……..Sem Agua
6km…….Sem Agua
7km………Com Agua
8km………Sem
9km………..Sem
10km……Com Agua
11km……Sem
12km …..Com Agua
13km……..Sem
14,5km………Com Agua
15km……….Com Água

O ponto de água fica acriterio da organizadora da prova. Lembrando que se a corrida for com uma temperatura à cima de 35° cuidado em sempre é bom levar uma garrafinha de água. Cuidados a São Silvestre tem mania de colocar os copos de água a mesa e os populares passam a mão na água Ito acaba prejudicando o andamento da prova vamos reclamar mais ai galera a água é para quem participa da prova em si corredores e não populares que vão só para olhar. 

Percurso sempre é bom conhecer onde você vai correr. Então fique atento com o mapa que é divulgado no cite da corrida http://www.saosilvestre.com.br ou http://www.yescom.com.br.

Bom galera cuidado com a saída da corrida pois no dia vai muitos corredores e alguns estão ali só para atrapalhar com faixas e mensagens para santos ou dedicatórias a parentes ect.. Devemos reclamar é até bacana aquela galera só que atrapalha alguém ainda vais sair lesionado com aquilo, pois chega na decida da consolação joga tudo para trás e quem está atrás alem de desvias de alguns pés tem que desviar das faixas.

Sempre é bom consultar um médico antes de praticar uma atividade e um avaliador físico.

Bom o que comer antes da corrida
Bom sugestão macarrão com um carne ou frango. Não é bom comer com molho é acido. E não é bom comer comidas pesadas tipo feijoada uma picanha ect.

Alongar sempre é bom nuca corra sem alongar.

Se ágüem quiser conhecer o percurso pessoalmente estou a fim de ir um dia é só marcar ente ai fica acriterio só que vou ter que cobrar, pois não acho justo sair de casa pagar 4,60 no ônibus para dar dicas sobre o percurso não vai dar para fazer ele por completo então posso subdividi em 2 ou mesmo em 1 dia os pontos mais críticos da corrido falo galera…

Agradeço ao Xandão e ao Namiuti pelas dicas valiosas. Todo fim de ano, elas me veem a mente. 

Dona D fez uma contribuição valiosa ao definitive guide, desbravou de bike o percurso da SS e contou a história de cada trecho que merece atenção. Ficou excelente a série de três capítulos Dona D!

Para quem for na SS, nos vemos por lá. Na largada, na chegada, no almoço, enfim...Até.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Fortaleza

"O sertanejo é, antes de tudo, um forte."

                                                                  Euclides da Cunha

A frase acima fez parte do meu dia ontem em três momentos distintos:

Num mail recebido com um texto ótimo, na leitura do livro "Encontro Marcado" de Fernando Sabino  e no desejo de mandar para bem longe uma virose que insiste em ficar comigo.

Salve povo do Nordeste!! Fortaleza, Recife, e tantos outros são nomes fortes. Que a força desse povo esteja comigo.

Aproveito especialmente o post para homenager os amigos do Nordeste, especialmente Paulo Picanha, grande exemplo para nós.

domingo, 28 de novembro de 2010

Ford 29

Meu avô tinha um apelido muito carinhoso para minha avó, chamava-a de Ford 29. Isso porque a mesma trabalhava no quintal, debaixo de um sol de rachar, e não fervia o radiador. E complementava: ela é igual a um Ford 29, só funciona quente.


Hoje me lembrei de ambos, já falecidos, em virtude do calorzão que está fazendo, e de minha 'técnica' de climatização para a São Silvestre, saindo para treinar no horário da prova, e sem relógio,  pois o parâmetro vai ser a sensação de esforço.

Completei 10km, muito menos cansado do que na semana passada. Sinal que os treinos  direcionados da semana estão dando resultado. Que o motorzão do 29 esteja comigo.

PS: O projeto 'treinamento para Xerpa' não foi esquecido. Meu sogro está se recuperando de uma problema muscular e em breve retornaremos à escalada. Tudo indica que dia 19/12 teremos um episódio extra da série, com um 'special guest star'. Aguardem.

domingo, 21 de novembro de 2010

A Grande Corrida

Para você, qual a grande corrida?

No Brasil, para mim, é a São Silvestre. Por vários motivos. É corrida que todos devem participar ao menos uma vez para entender o que é isso. 2008 foi a minha primeira experiência, e você pode lembrar aqui. Corrê-la é a melhor forma de celebrar tudo que se passou no ano que se finda.

Falarei agora de outra grande corrida. Chama-se VIDA.

O nascimento de minha segunda filha me proporcionou uma experiência que jamais esquecerei. Ela nasceu alguns dias antes do previsto, e essa queimada de largada resultou em 7 dias de cuidados intensos na UTI neonatal, pois apresentava desconforto respiratório. O que vivemos nesses dias, só quem já passou por isso é capaz de imaginar. Toda dor deve ser encarada como um processo educativo. Devemos nos perguntar sempre que ela bater as nossas portas: o que essa dor está querendo me ensinar?

Aprendemos muito. Refletimos sobre a vida e seus propósitos. A luta e o desejo de vencer dessas crianças prematuras é algo inacreditável. Conhecemos verdadeiros heróis. Pais, médicos, enfermeiros, famílias, e o maior de todos, as crianças. Impossível não acreditar que algo maior (chame do nome que for) está sobre o controle de tudo, ao assistir o milagre da vida acontecer.

Hoje estamos todos em casa, passando muito bem. Mas continuamos com as vibrações por aqueles que ficaram na UTI, nas suas corridas pela vida, buscando reverter o quadro. E é justamente essa luta, desses pequenos-grandes heróis, que jamais esquecerei.

A SS essa ano será mais especial ainda, por causa disso tudo. Será a vitória da vida.

Laurinha, esse ano papai correrá a São Silvestre em sua homenagem.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Circuito Caixa - Etapa Brasília

Essa é para os Brasilienses e Candangos...

No dia 28 de novembro, o Circuito Caixa chega à capital do Brasil para a última etapa da temporada 2010.

Escolha correr para os 5 ou 10km, e tenha a oportunidade de correr ao lado (ou atrás) dos nossos melhores atletas. Diferente de muitas provas onde só se premiam na geral, vai haver premiação na faixa etária também.

As inscrições podem ser feitas no site oficial do evento www.circuitocaixa.com.br ou nas Lojas Centauro. Correntistas CAIXA possuem 50% de desconto apenas pela internet (desconto por tempo limitado).

Tenho uma inscrição de cortesia para esse evento. O primeiro Candango (ou Brasiliense) que comentar por aqui, e quiser correr a etapa Brasília, leva #digrátis. Deixa o mail para contato.

sábado, 16 de outubro de 2010

Treinamento para Xerpa - Episódio II: O Canto das Sereias

Começaremos o segundo capítulo da saga no exato ponto onde paramos no episódio anterior, na porteira.


Dessa vez, cheguei na porteira em condições menos deploráveis, mas ainda distante do condicionamento ideal. Porém, algo não estava bem com meu sogro Zezé. Ele saiu na minha frente, às 14:30, informando que nos encontraríamos no caminho. Quando isso acontece, sei que as coisas não estão boas, e que ele precisa colocar algo a prova para saber se continuaria ou se naquele dia não arriscaria subir as colinas. Não deu outra, estava sentindo a panturrilha. Já na subida Baleias ele caminhava para não forçar.

Ao passar a porteira, percebi que ele não arriscaria ir junto. E para ser solidário, não fui muito além da porteira. Apenas 500m, mas o que vi foi muito bom.



Combinei que iria só um pouco a frente, e encontraria com ele pelo caminho na volta. Passei por um filete de rio, a pilha da máquina terminou, e não deu para registrar. Alguns minutos depois, na tentativa desesperada de fotografar mais uns trechos, a pilha teve uma meia vida, e consegui fazer algumas fotos. Deu até para homenagear o Gilmar, nosso fotógrafo-corredor de Recife. Fotografei pássaros! Na verdade, eram urubus! Estavam de olho numa carcaça de boi, que fedia muito. Com boa vontade e olhos de lince dá para ver os pássaros.

Homenagem ao Gilmar
 


Olho para um lado, mata fechada, para o outro idem, sozinho, comecei a maquinar coisas...ouço um barulho estranho...imagino logo ser o monstro de Lost, e desando a correr morro abaixo, voltando em busca de apoio. Ao apurar o barulho, que se aproximava, eram aventureiros, como nós, mas motorizados, fazendo trilhas pela mata. Como eu ri sozinho daquilo. Mas que dá medo, isso dá.
 
Monstro de Lost surgiu
Os caras ficaram impressionados como chegamos ali correndo. Perguntei se eles tinham visto um baixinho metros abaixo, disseram que não. Passo novamente pelo rio, pela porteira, chego na casa da água, e nada do meu sogro. Fiquei preocupado. Já anoitecia, não daria para voltar e buscá-lo. Deixo recado com o pessoal da água para dizer que eu já desci. Mas em todo trecho de descida, a preocupação e a culpa só aumentavam. Lembro de João e Maria, e com um graveto, começo a escrever pela estrada de chão no caminho. 'Já passei'.

Chego em casa, e nada dele. Tomo banho, café, e nada. Já ia pegar a moto para resgatá-lo, e eis que chega, rindo e perguntando por onde havia me metido. Eu retorno a pergunta para ele. Ele justifica que não me viu passar, entrou pelo rio para conhecer e não meu viu na volta. 

Então eu disse que ele foi atraído pelo canto das sereias. No final, deu tudo certo. Como um bom observador, ele viu as mensagens que deixei. A lição do dia, e que já conhecia de outros tempos e não pratiquei...não se pode entrar em mata sem levar um apito (nem bússula, e outras coisas mais).

Segue altimetria da aventura. Por enquanto, nenhum sinal da rampa.


domingo, 26 de setembro de 2010

Treinamento para Xerpa - Episódio I: Aprendendo a contar

Começa o desafio. Como mencionado no post anterior, existem dois acessos para se chegar na rampa de voo livre. Um 'pavimentado' e o outro, rústico. O pavimentado passa por um bairro chamado Serra do Sambê (eh falta de criatividade), e os turistas a adeptos dos esportes radicais seguem por ali. O outro, passa por Cachoeira dos Bagres (outro bairro), e o contato com a natureza é mais selvagem, não existe tanto progresso, a coisa é mais artesanal.

Não faço a menor idéia de quantos quilômetros fazem parte desse desafio. As surpresas fazem parte do reportório. Poderia chegar lá de moto para deixar melhor mapeado o percurso, mas isso perderia completamente com a graça do desconhecido.

Ao comentar com meu sogro sobre essa aventura, vi desde o início o brilho nos seus olhos. Ele não perderia uma aventura como essa de maneira alguma. E como tem experiência no terreno e um preparo de deixar qualquer um de queixo caído, foi aceito na expedição, com direito a recepção por bandinha e tapete vermelho.

Ao postar sobre o desafio, leio um post do Fabio Pró com o título 'Manual para subir montanhas', eram dicas valiosas, e que serão sempre lembradas nessa aventura.

Chega de embromation e vamos ao que interessa, para o alto e avante...

Três horas da tarde, um calor de lascar, e alguém pensa em subir morro? Sim, eu!! Passo na casa do sogro, encontro-o dormindo na rede, e ao me ver todo equipado leva um susto. Vamos começar hoje? E eu falei: agora!! Estou indo, não vai? Mais que depressa, ele se apronta e pergunta até onde iríamos. Digo que vamos até a porteira, o que daria em torno de 7km para chegar lá. Ele sugere: vamos então até a água (6km) pois tem um litro de mel lá para a gente, e voltamos caminhando...de antemão já sabia que aquilo não iria dar certo.

Esses pontos de referência (água, porteira, etc) são antigos conhecidos nossos, fazem parte dos trechos de subida I, II, III, IV, que eu sempre comento por aqui, e nunca fiz um registro mais condizente com a importância dessas colinas nos meus treinos. Chegou a hora de fazê-lo. Daí o iniciar a aventura aprendendo a contar até quatro. Chegar ao final da subida IV é o meu termômetro para correr bem uma meia maratona. Se chegar na porteira, estou preparado para qualquer meia maratona. O que veremos então a partir de agora é um bom treino de 14km, com as famosas subidas I, II, III, IV. 

Os primeiros 2km são sem graça, principalmente por serem em asfalto, sem atratativo algum. A partir do segundo quilômetro, entramos em estrada de chão e ai a poeira começa, assim como os primeiros morrinhos. Chegamos a entrada da estrada que levará para Cachoeira dos Bagres. Pelo quilômetro 2,5, ao olhar para a serra do sambê a direita, é possível avistar a rampa, nosso destino final.


A subida I começa logo após o quilômetro 5, o que se conclui, sem muita conta, que a série completa I-IV possui perto de dois quilômetros de extensão.  Para ser preciso, 1,7 km.

Temos então um pouco mais de 2,5km a percorrer até chegar no início da I. Até lá existem uns morrinhos que vão te minando pelas beiradas, cachorros, e um belo visual. Deixo aqui uns registros antes de iniciar a subida I.

No quilômetro 4, uma subida especial para mim. Batizei-a de Baleias, pois foi ali que iniciei os treinamentos de ladeira (6 tiros de 300m) para a estreiar na maratona de PoA, sendo esse o primeiro treino com o manto coral.

Subida Baleias
Continuação da Subida Baleias
Essa subida tem um visual bem interessante se o cara olhar para a direita...


Vencida a Baleias, um trechinho de folga num 'semi-plano' e contemplação por 1km até chegar ...






Chegamos então ao início da I. O marco é essa casinha.


Essa divisão da subida em quatro trechos está diretamente relacionada com o tipo de piso. A I são 300m de piso de cimento, com uma 'arte' de concreto ao meio. Em termos de altimetria, saímos de 104m e chegamos a 155m.





Quando você visualiza aquela cerquinha branca a direita, pode abrir o sorriso pois a I está chegando ao final. Ali é a Fazenda São Judas Tadeu, e tem um laguinho para distrair sua mente.


A II começa, e o piso é cimento puro, sem 'arte'. Perceba a sutileza do detalhe na troca de textura do piso.

Esse ponto pode deixá-lo cabisbaixo. A II é pequena, apenas 100m, mas ela é traiçoeira demais. Não se vê o final ...possui apenas 10m de altimetria, e chegamos ao final dela com 165m de altitude.




No seu finalzinho, o autor percebeu que esqueceu da 'arte', e ai consertou o erro em tempo. Mais uma mudança de textura, é o início do III.

Mas não dá para seguir direto. Como disse, a II é traiçoeira, ela arranca sua alma. Então é preciso parar, respirar, olhar para ver o que conseguiu vencer, e deixar a alma voltar ao corpo, o coração voltar a normalidade, enfim, voltar do ataque epiléptico. Enquanto isso, contemple a paisagem, olhando para trás.





Voltando ao estado de normalidade, começamos a subir a III, que em seu início é bem agradável. O piso é de pedra. São no total 250m de extensão e altimetria de 50m. A paisagem distrai, pois ela é bem sinuosa, não se sabe quando o tormento vai acabar. Daí, o melhor a fazer é contemplar. E caminhar também não fica feio.






A bifurcação acima levará a famosa Cachoeira dos Bagres, que não é nosso objetivo nessa expedição. Mas como já estivemos lá algumas vezes, não podemos deixar de fazer o registro.

Ainda restam alguns metros para se chegar no final do III, a famosa água. Vamos subindo...




 Porteira a vista! novamente, alegre-se! Ali tem água de graça! Mas não sai barato, vem uns cães na sua direção parabenizá-lo pelo feito heróico.



Fim do trecho III

Água abençoada, praticamente fuidificada.

Onde Judas perdeu as meias
Não dá para passar direto para a IV. Primeiro, pelo estado físico das coisas. Segundo, pelas pessoas que moram na casa da água. São gente do bem. Sempre com prosa para contar. Enquanto bebemos água, aparecem e puxam conversa. Perguntam se levaríamos o mel agora. Digo que na volta, ainda iríamos subir um pouco mais. Peço para deixarem uma colher para provar o mel. Sinto um cheiro delicioso de feijão no ar...

Mas o pior está por vir, a IV. Pouco mais de 1km de distância até a porteira, com altimetria de 50m. Se der sorte, acha-se banana no caminho. O piso é de terra. Dessa vez demos azar, achamos apenas banana verde.

















Aqui tem outra cachoeira


Mas nem tudo na IV são flores...




Estamos chegando ao fim, último trechinho até a porteira...





Porteira a vista!


Chegamos, fim da IV
Morto!
Cheguei de lado, com o feixe de mola destruído. Resumindo, atualmente não estou em condições de correr uma meia maratona. Uma olhada no horizonte em busca de algum sinal da rampa, mas nada!!




Hora de voltar...paramos na água novamente para abastecer, e levar um litro de mel para casa. Como estava bem arrolhado, fiquei com receio de abrir, provar e fazer lambança, já que meu sogro sugeriu voltar com esse lastro dentro da mochilha. Como não sou de discutir, voltei correndo com o peso extra.

Esse é puro, valeu o esforço!
Privilégio de assistir no mesmo dia, dois pores-do-sol (plural estranho em mestre Ivo!) Um na serra e outro na baixada.


Resumindo as subidas, agora em termos de percepção de esforço:

Subida I: Te deixa com as línguas de fora.
Subida II: Quem vai pra fora agora é o coração e a alma.
Subida III: Você se sente um réptil, é para rastejar.
Subida IV: Se sobreviveu até aqui, vai pra galera, está perto do céu.


Quem chegou até aqui na leitura, nossos parabéns! Vem muito mais por ai.

E há quem diga que gosta do asfalto..."Perdoa-lhes Pai, não sabem o que dizem".